Imagine conviver diariamente com a companhia indesejável de um ruído incômodo e intermitente que não tem relação com nenhuma fonte sonora que está sendo produzida no ambiente externo, como se você estivesse escutando um som que ninguém mais ouve.
O zumbido acomete, hoje, cerca de 30 milhões de brasileiros, segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde. Trata-se, na verdade, de um estímulo produzido pelo organismo e que o cérebro interpreta como um som, que pode ser descrito de diferentes formas.
Alguns pacientes o comparam com um apito, outros com o som produzido pela cigarra e até com uma panela de pressão. A persistência do barulho durante o dia e a noite pode comprometer a qualidade de vida do paciente, podendo estar também associado à perda de audição.
Neste artigo vamos explicar as causas do zumbido e como funciona o tratamento que usa técnicas de enriquecimento sonoro para redução e solução desse problema tão comum. Confira:
Quais as causas do zumbido?
A técnica do enriquecimento sonoro é a última alternativa para o paciente resolver o som do zumbido no ouvido. Primeiro, ele e o médico otorrinolaringologista — de preferência, que possua especialidade em zumbido — precisam verificar quais são os motivos que levaram ao aparecimento de tal problema, que podem variar de pessoa para pessoa.
Hoje, atribui-se a existência do zumbido mais de 200 tipos diferentes de causas. As mais comuns envolvem, por exemplo:
- distúrbios metabólicos como diabetes, hipertensão, colesterol alto e outras alterações hormonais;
- doenças auto imunes como labirintite, otites, otosclerose, alteração cervical e problemas dentários, como bruxismo ou falhas;
- alimentação incorreta, incluindo hábitos de jejum prolongado e excesso de consumo de cafeína;
- uso de álcool e cigarro;
- deficiência de algumas vitaminas;
- exposição a ruídos elevados e constantes;
- presença de perda auditiva em qualquer grau.
O zumbido costuma ser, portanto, o sintoma de algum distúrbio ou doença. A partir do momento em que se entende o que está acontecendo, é possível recorrer a várias formas de auxílio para redução da percepção deste problema. O paciente sente-se, então, mais confiante e ativo no processo.
Por isso, vale ressaltar que, independente do tratamento para qual o paciente for se submeter, é de extrema importância que ele receba acompanhamento adequado em cada etapa do processo de investigação e diagnóstico.
Isso tanto no que diz respeito aos motivos que levaram o zumbido a aparecer, aos mitos ligados a ele e à sua implicação no cérebro. Em muitos casos, um aconselhamento próximo pode ser mais efetivo que a terapia sonora em si.
Para quem o tratamento com enriquecimento sonoro é indicado?
A todas aquelas pessoas que apresentam zumbido e se sentem incomodadas com o mesmo e que geralmente está associada a algum grau de perda auditiva. Em geral, elas já estão inseridas no chamado Programa de Suporte ao Paciente com Zumbido e, por isso, acabam submetidas ao tratamento com enriquecimento sonoro.
As demais, que não apresentam nenhuma reação negativa a tal ruído, podem conviver naturalmente com ele, sem necessidade de passar por tratamentos específicos.
O que é essa técnica e como ela funciona?
Somente depois que todos os possíveis fatores causadores do zumbido forem descartados pelo médico é que o paciente será encaminhado ao fonoaudiólogo para dar início ao tratamento.
O tratamento do enriquecimento sonoro começa com uma anamnese detalhada sobre o zumbido. Trata-se de uma entrevista feita pelo profissional com base em um questionário elaborado pela Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, que ajuda a descobrir quais são os aspectos mais comprometidos na vida do paciente pela presença do zumbido: se o sono, a audição, a concentração ou os fatores emocionais.
Além disso, o paciente também se submete à chamada acufenometria, exame que consegue medir e detectar a intensidade (loudness) ou volume do zumbido e a frequência (pitch) com que ele ocorre.
Assim, com base nas respostas obtidas em todas essas avaliações e no grau de desconforto em relação ao zumbido, o profissional consegue traçar um plano de ação para o tratamento.
Eles podem ser basicamente de dois tipos: quando, associada ao zumbido, o paciente também apresenta perda auditiva e quando não apresenta.
Nos casos em que existe a perda, o aparelho auditivo terá a amplificação adaptada e personalizada para o problema do paciente, fazendo com que ele não perceba mais a existência do zumbido e passe a viver com mais harmonia.
Essa técnica estimula novas conexões neuronais por meio da repetição e acaba ensinando o cérebro a descartar o sinal do zumbido para que o paciente não o perceba mais.
Já quando o paciente não apresenta perda auditiva e seu único problema é a existência do zumbido, a abordagem é diferente: ele pode usar apenas o gerador de som externo, que oferece um som neutro, constante e fraco capaz de levar à redução do zumbido.
Não há necessidade de introduzir uma amplificação nesse caso. A pessoa pode, inclusive, escolher o tipo de som que considera mais confortável. Hoje, o mercado chega a oferecer até opções mais relaxantes, como ruídos que imitam ondas do mar, chuva, cachoeira e vento, por exemplo.
Quais os tipos de aparelho mais recomendados para esse tipo de tratamento?
Os aparelhos auditivos mais comuns são os de adaptação aberta, que são capazes de reduzir a percepção do zumbido de forma mais simples. Os modelos intra-canais, que precisam ser posicionados dentro do ouvido, não costumam ser indicados pois fecham o canal da orelha, podendo obter efeito contrário ao desejado e gerar uma percepção aumentada do zumbido.
Conforme já mencionado, os aparelhos mais avançados do mercado, hoje, oferecem uma variada gama de sons à escolha do paciente, que vão desde estáticos e neutros até os mais relaxantes. Isso porque um aparelho auditivo muito silencioso não irá reduzir a percepção do zumbido.
Então, se você notou a presença incômoda de um zumbido que não vai embora, não deixe que isso interfira na sua qualidade de vida. Cuide da sua audição e procure logo um médico otorrinolaringologista capaz de detectar as origens do problema e ajudá-lo na escolha do melhor tratamento de enriquecimento sonoro que consiga dar fim à sensação de ruído permanente no ouvido.
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