Entenda o que é hiperacusia e como tratá-la

Aparelhos Auditivos

Há pessoas que ficam irritadas com facilidade quando são expostas a sons muito altos ou a ruídos contínuos. Entretanto, essa é uma aversão que não se confunde com a hipersensibilidade patológica que alguns apresentam diante de sons, até mesmo quando estão em volumes toleráveis para a maioria. É o caso de pessoas que sofrem de hiperacusia.

Alguém que sofre de hiperacusia grave tem dificuldade de tolerar até mesmo sons do cotidiano, que muitas vezes são recebidos de maneira dolorosa pelo canal auditivo. Antigamente, essa era uma condição que acometia, em boa parte dos casos, os mais velhos que tiveram uma vida de exposição constante ao barulho.

Hoje, é cada vez mais comum encontrar jovens acometidos pela hiperacusia ou por outros tipos de transtornos aos sons. Para entender mais sobre as características dessa condição e como tratá-la, acompanhe os tópicos logo abaixo.

O que é hiperacusia?

Essa é uma doença caracterizada pela acentuada acuidade auditiva, ou seja, uma hipersensibilidade a determinadas frequências e volumes de som. Na fisiologia da audição de pessoas com esse problema, a porção eferente do nervo auditivo está lesionada, enquanto as células ciliadas permanecem intactas.

A hiperacusia pode ser coclear e vestibular. A primeira é a maneira mais comum da doença, caracterizada pelos sintomas de dor de ouvido, desconforto e intolerância a sons que outras pessoas conseguem tolerar com facilidade. No vestibular, os sintomas mais comuns são tontura, náusea e perda de equilíbrio diante de determinados sons.

Pessoas com ambos os tipos de hiperacusia podem desenvolver comportamentos para evitar a exposição a sons, além de ansiedade e estresse. Contudo, o nível de tolerância depende muito do grau de severidade da doença. Uma pessoa com hiperacusia grave pode ter reações negativas a pequenas ações, como o som de televisão, o barulho do relógio e os ruídos de movimentação na rua.

Hiperacusia e fonofobia são a mesma doença?

Hiperacusia e fonofobia são a mesma doença?

Elas podem ser confundidas por conta da natureza das duas condições, que diz respeito à baixa tolerância aos sons. Contudo, diferentemente da hiperacusia, a fonofobia não provoca dor física para a pessoa acometida, pois é um transtorno caracterizado, principalmente, pelas sensações de medo ou raiva de alguns sons.

O que pode causar a hiperacusia?

Não existe um único motivo para todos os casos, porém, a origem mais comum da doença é a exposição a níveis elevados de decibéis. Isso pode acontecer com pessoas que estão constantemente expostas à poluição sonora, como músicos e trabalhadores de fábricas.

Algumas pessoas sofrem de hiperacusia por que foram submetidas de maneira repentina a um som muito alto, como estouro de um pneu, explosões em acidentes, disparo de uma arma etc. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o nível de ruído recomendável para a audição é de 50 decibéis (dB).

A hiperacusia pode ser uma consequência de um trauma que atinge o ouvido interno, como distúrbios no cérebro ou sistema imunológico e infecções. A doença também pode ter uma origem genética ou ser causada por estresse e respostas incomuns dos músculos estapedianos ou do músculo tensor do tímpano, que são responsáveis pelos reflexos auditivos.

Existem casos nos quais a hipersensibilização pode ter sido provocada pela doença de Lyme ou doença de Ménière, além de lesão na cabeça, cirurgia ou disfunção da articulação temporomandibular.

Qual é o tratamento para a hiperacusia?

Primeiramente, o fonoaudiólogo precisa fazer exames no paciente. Usa-se o teste de Níveis de Desconforto de Ruído (LDL) para identificar o grau de gravidade da doença. O resultado do teste pode mostrar que o paciente apresenta uma tolerância muito baixa para diferentes níveis de decibéis.

Mediante o diagnóstico de hiperacusia, o médico indica a realização de um treinamento para reajustar a sensibilidade às intensidades dos sons. Nesse caso, o paciente precisa de um esforço inicial que tende a ser desagradável, que é entrar em contato novamente com os sons ambientais, em vez de evitá-los.

Isso não significa que o paciente deve se expor a sons em alta intensidade, pois esse risco pode prejudicar ainda mais a audição. Para quem tem hiperacusia, todos os sons são altos, então, é compreensível a dificuldade de entender que determinado som, embora resulte em incômodos e até dores, é, na verdade, bastante inofensivo.

No treinamento, o médico pode recomendar geradores de ruído branco para ajudar na eliminação da hipersensibilidade auditiva. Como os sons devem ser apresentados de maneira suave e gradual aos ouvidos do paciente, o ruído branco pode ser útil em níveis baixos ao longo de alguns meses.

Os resultados positivos com o tratamento podem variar de acordo com o grau de severidade da hiperacusia. Contudo, o treinamento é um processo lento e definitivo, com efeitos benéficos para a audição do paciente a partir de dois meses.

Como se prevenir da hiperacusia?

A prevenção envolve todos os cuidados para evitar a exposição frequente a sons em níveis excessivos. Um bom exemplo é o caso de trabalhadores que lidam diariamente com barulhos e ruídos em volume elevado. A recomendação para eles é sempre respeitar os protocolos de uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual).

No dia a dia, também é importante ficar de olho na exposição a sons que podem fazer mal à saúde auditiva. Por exemplo, diminua o volume de aparelhos domésticos, como a TV, e mantenha uma distância na hora de assistir. Além disso, evite usar fones de ouvido por um tempo prolongado.

A hiperacusia e os outros transtornos relacionados à exposição a decibéis elevados é uma preocupação para todas as faixas etárias. Devido aos avanços tecnológicos dos últimos anos, estamos cada vez mais expostos a sons em níveis elevados. Por essa razão, é fundamental adotar as medidas preventivas e manter a atenção a possíveis sintomas de transtornos.

Há outros tipos de aversão ao som que podem comprometer a qualidade de vida. Além da hiperacusia, a misofonia é caracterizada como uma dessas doenças. Se você ainda não ouviu falar dela, confira nosso post sobre esse assunto.

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