A surdez súbita é um quadro clínico que se desenvolve rapidamente, modifica a compreensão dos indivíduos sobre o meio ambiente e impacta de maneira negativa na realização de atividades diárias.
Trata-se de um dos problemas auditivos que afetam milhares de pessoas no mundo inteiro e podem trazer muitas consequências ruins para a qualidade de vida, principalmente se elas sempre escutaram normalmente. Geralmente, as perdas auditivas são processos congênitos (presentes no nascimento) ou de evolução gradual, que se agravam com o avançar da idade.
Se você quer saber mais sobre a surdez súbita, não deixe de acompanhar o conteúdo a seguir!
O que é a surdez súbita, afinal?
A surdez súbita é um tipo específico de problema auditivo no qual a perda é repentina, sem que a pessoa esteja esperando ou tenha tido algum indício prévio. Devido a essa particularidade, o quadro ainda é considerado um desafio para os especialistas da área.
Essa perda brusca e repentina da audição geralmente é unilateral e de origem neurossensorial. Uma de suas principais características é que a doença costuma não apresentar uma causa muito bem definida (ou decorre de motivos desconhecidos). A piora repentina de uma perda auditiva já existente também é considerada surdez súbita.
Trata-se de uma das condições mais controversas da área de otorrinolaringologia, pois diversos aspectos relacionados ao diagnóstico e tratamento geram divergências entre os profissionais médicos. Enquanto alguns optam apenas por observar a evolução dos sintomas, outros acreditam que a intervenção farmacológica é mais efetiva.
Ela pode ser notada pelo paciente ao acordar ou ir aumentando ao longo das horas do dia. Muitas vezes, a pessoa chega a se recuperar espontaneamente e não precisa procurar por assistência médica.
Faixa etária atingida
A maioria dos pacientes acometidos está na faixa de 40 a 60 anos, mas crianças e jovens também podem apresentar o quadro. Porém, quando ocorre entre os pequenos, a doença pode afetar a capacidade de aprendizagem e provocar uma sensação de rebeldia, devido à dificuldade de entender os comados dos pais e responsáveis.
Nos adultos, a surdez súbita é capaz de comprometer a execução de funções no ambiente de trabalho ou diminuir as chances de recolocação profissional. Isso acontece principalmente quando os indivíduos são submetidos a exames admissionais.
Causas relacionadas
Quando a causa não é identificada, o quadro é considerado idiopático. Outros possíveis motivos são:
- doenças virais (gripes, caxumba, parotidite, sarampo, mononucleose infecciosa) — devido à infecção que se propaga para a região auditiva;
- atividades físicas muito intensas (como levantamento de peso), que sobrecarregam as estruturas internas do ouvido;
- infecções bacterianas;
- doenças autoimunes, principalmente devido ao combate das células imunológicas às células auriculares;
- medicamentos ototóxicos — em que o uso prolongado ou a dificuldade do organismo de excretá-los pode facilitar o problema auditivo;
- traumas acústicos;
- rompimento de tímpano;
- distúrbios vasculares, principalmente aqueles relacionados ao aumento da pressão arterial, como as complicações da hipertensão.
Como é feito o diagnóstico?
A surdez súbita é considerada uma emergência médica. Ao perceber o quadro, a pessoa deve procurar imediatamente pelo atendimento de um otorrinolaringologista, não realizando nenhuma ação antes da consulta com o especialista.
É interessante que o primeiro atendimento seja feito no mesmo dia do início dos sintomas ou, no máximo, até o dia seguinte. O diagnóstico da surdez súbita é baseado no exame clínico e em testes específicos, além da análise dos critérios maiores e menores.
Para fechá-lo, é preciso que todos esses critérios estejam presentes. O diagnóstico é provável quando aparecem dois dos três critérios maiores, que são:
- perda abrupta da audição: quando é observada uma mudança drástica na capacidade de ouvir — se comparada aos períodos matutinos e noturnos anteriores;
- falta de certeza quanto à causa da surdez: nesse caso, não se atribui o quadro a nenhuma exposição auditiva específica (como participação em shows musicais, presença constante em lugares barulhentos etc.);
- perda auditiva severa unilateral: na maioria das vezes, é observada em apenas um dos lados e pode ser confirmada por meio da oclusão (tampando o ouvido com a mão) do “lado que funciona”.
Já os critérios menores são:
- perda auditiva acompanhada de zumbido (pode estar ausente) — trata-se de pequenos sons intermitentes que são percebidos apenas pelo indivíduo e não melhoram com nenhuma intervenção
- tontura ou vertigem (pode estar ausente) — caracterizada por desequilíbrio repentino ao realizar atividades simples, como caminhadas entre os cômodos da residência ou no trajeto para o trabalho.
- ausência de sinais neurológicos — como perda da consciência, sangramento do ouvido, dificuldade para se comunicar com as pessoas (fala arrastada e desconexa) etc.
A sensação de pressão nos ouvidos e o estalo no lado afetado são outros sinais que podem aparecer. O diagnóstico é mais fácil de ser definido nos adultos, devido à percepção imediata da perda de audição. Em crianças, como é necessária a observação dos pais, o momento de início do quadro pode ser perdido.
Audiometria e entrevista
Complementando o exame físico, realiza-se o procedimento de audiometria para estimar a real perda de audição. A confirmação do diagnóstico por exame ocorre quando é identificada a perda de 30 ou mais decibéis em três ou mais frequências testadas no ouvido.
Durante a entrevista, o médico também deve coletar informações sobre a exposição a ruídos intensos, a prática de exercícios físicos em demasia e o uso de medicamentos com potencial ototóxico, como alguns antibióticos da classe dos aminoglicosídeos.
Quais são as opções de tratamento?
O tratamento da surdez súbita é o fator mais controverso na literatura e entre os especialistas da área, pois ainda há poucas evidências sobre a eficácia das terapias utilizadas. Na maioria dos casos, a escolha ocorre com base na experiência prévia do médico otorrinolaringologista.
Os tratamentos utilizados e descritos são:
- Corticoides orais: prescritos quando o problema está no início e a causa é identificável. Devido às propriedades anti-inflamatórias, trata-se do tratamento mais utilizado, mas vale lembrar que o uso prolongado pode ser perigoso. Por isso, deve-se seguir sempre a orientação médica e do farmacêutico.
- Vasodilatadores: esses medicamentos são usados em conjunto com os corticoides orais, para potencializar seu efeito. Isso porque permitem uma maior concentração dos ativos no pavilhão auditivo, intensificando o processo.
- Corticoide local: trata-se da aplicação intratimpânica do corticoide (para prevenir os efeitos adversos do uso dos medicamentos orais por tempo prolongado). Nessa situação, recomenda-se procurar por um especialista para evitar danos às estruturas auriculares.
Outros tratamentos podem ser utilizados, mas ainda têm baixa taxa de descrição e comprovação na literatura. Alguns exemplos são: oxigenoterapia hiperbárica, medicamentos com ações nos vasos sanguíneos que irrigam o sistema auditivo e acupuntura.
Uso de aparelhos
Em casos mais severos, quando a perda auditiva não pode ser melhorada ou revertida, é necessário o uso de aparelhos auditivos ou implantes cocleares (que restauram, pelo menos em parte, a audição). Nessas situações, é importante fazer ajustes com o profissional clínico.
Aproximadamente um terço dos pacientes que desenvolve a surdez súbita tem recuperação espontânea, sem nenhum tratamento específico, e resgata a autonomia perdida. Sendo assim, cabe ao profissional clínico a avaliação da real necessidade de prescrever medicamentos ou outras terapias, acompanhar os sintomas mais desconfortáveis e analisar a evolução clínica ao longo do tempo.
Como prevenir a surdez súbita?
A surdez súbita pode se manifestar repentinamente nos indivíduos e ser resolvida sem a necessidade de intervenção clínica. Todavia, a escolha por apenas observar os sintomas relatados pelos pacientes ou instruir sobre os medicamentos dependerá da experiência do profissional, dos desejos e das vontades dos pacientes mediante a orientação proposta.
Os especialistas concordam que a melhor estratégia para a surdez súbita é a prevenção, pois os tratamentos ainda não têm muita efetividade e são controversos. Em primeiro lugar, é preciso que sejam divulgadas para a população informações referentes à condição da surdez súbita, incluindo suas causas e formas de prevenção.
Algumas maneiras de preveni-la são:
- ter um acompanhamento médico quando estiver em uso crônico de medicamentos com potencial ototóxico;
- evitar a exposição a ruídos muito intensos, principalmente por tempo prolongado;
- utilizar equipamentos de proteção no ouvido (sugestão válida para pessoas que trabalham em ambientes barulhentos ou com ruído constante e contínuo);
- orientar sobre a identificação e divulgação de informações para os grupos de risco (mergulhadores e portadores de doenças sistêmicas);
- manter o cartão de vacinação em dia, para a prevenção das doenças infecciosas virais e bacterianas que podem causar a surdez súbita;
- investir em cuidados gerais para manter a saúde auditiva (hidratação, alimentação saudável, proteção do ouvido, uso de hastes flexíveis com moderação);
- fazer um check-up dos ouvidos com regularidade.
Ainda que se mostre como uma condição relativamente rara, a surdez súbita precisa ser conhecida entre a população. Assim, as medidas de prevenção e tratamento poderão ser tomadas de forma oportuna.
A surdez súbita é um problema auditivo relacionado à incapacidade repentina de compreender os sons durante um diálogo ou no meio ambiente. Em geral, a causa é indefinida, porém alguns efeitos nocivos ao ouvido facilitam seu desenvolvimento.
É importante identificar o quadro precocemente, para que o profissional avalie a possibilidade de incluir medicamentos ou apenas observar os sintomas do paciente. Contudo, é fundamental cuidar constantemente da saúde auditiva para escutar bem e manter sua qualidade de vida, assim como interagir com outras pessoas e os ruídos do ambiente.
E então, nosso artigo sobre surdez súbita foi útil para você? Aproveite a visita ao blog e veja também como lidar com pessoas com deficiência auditiva!