É possível reverter a perda de audição na terceira idade?

Aparelhos Auditivos

Mesmo quando acontece de forma saudável, o envelhecimento traz uma série de limitações para o corpo humano, como é o caso da perda de audição na terceira idade. Nesse sentido, algumas células e tecidos do corpo sofrem mais com o desgaste dos anos, e podem apresentar falhas ou diminuições no seu desempenho.

Isso inclui as funções dos sentidos, principalmente a visão e a audição, que também podem ser atingidas. A perda de audição na terceira idade é um problema comum que, quando não é devidamente acompanhado, pode afetar muito a qualidade de vida do idoso.

Tendo isso em vista, no texto de hoje, falaremos mais sobre o assunto, suas causas, sintomas e se é possível revertê-lo. Acompanhe!

O que é a presbiacusia?

A perda de audição na terceira idade relacionada ao envelhecimento é conhecida como presbiacusia. É uma diminuição auditiva relacionada a alterações degenerativas, consideradas normais por serem parte do processo natural de envelhecimento do corpo humano. Ela é considerada uma das causas mais comuns da perda de audição na terceira idade.

A diminuição da audição ocorre devido a degenerações no osso temporal, nas vias auditivas e no próprio córtex cerebral que recebe a mensagem sonora, via nervo auditivo.

Geralmente, a partir da quinta ou sexta década de vida, a pessoa passa a não escutar mais como escutava aos 20 ou 30 anos. A presbiacusia pode ser dividida em 4 tipos:

  • sensorial: perda auditiva neurossensorial bilateral e simétrica. Começa na meia idade e causa queda auditiva de sons agudos;
  • neural: perda auditiva progressiva e rápida, que compromete o entendimento da fala devido à redução dos neurônios cocleares;
  • metabólica: perda neurossensorial com curva plana e manutenção da discriminação da fala;
  • mecânica: problema na cóclea causado pelo enrijecimento da membrana basilar e alteração das características de ressonância.

O declínio na audição é um distúrbio incapacitante para a comunicação do idoso, com grande prejuízo na sua relação com familiares e amigos, que o impede de desempenhar plenamente seu papel na sociedade. Continue acompanhando e veja a seguir por que acontece.

Por que ela acontece?

O envelhecimento do organismo leva a uma incapacidade de mitose das células (divisão celular), acúmulo de pigmentos intracelulares e alterações químicas no fluido intercelular. Esses processos são necessários para a renovação celular e manutenção da homeostase intracelular.

Há um acúmulo de pigmentos intracelulares e alterações dos fluidos que, em algum momento, causarão a morte celular. Esse processo leva a uma perda contínua das células ciliadas, presentes na cóclea e responsáveis por converterem as ondas sonoras mecânicas em impulsos elétricos para o córtex auditivo. Com a morte das células ciliadas, ocorre a perda auditiva.

Os mecanismos envolvidos no processo de envelhecimento são complexos e ainda não totalmente compreendidos pela ciência. No caso da presbiacusia, acredita-se que as alterações ocorrem principalmente devido à hipoperfusão (diminuição da perfusão sanguínea) do tecido coclear, que leva à isquemia local.

Quais os seus sintomas?

No início da perda auditiva por presbiacusia, o idoso apresenta comprometimento do entendimento dos sons agudos, o que costuma ser imperceptível. Com a piora do desgaste das células, a pessoa passa a ter dificuldades de audição e da compreensão da fala, e o problema passa a ser mais perceptível.

Os principais sintomas da presbiacusia são:

  • dificuldade de falar ao telefone;
  • sensação de que não consegue entender as palavras que lhe são ditas;
  • dificuldade de entender os sons da fala mais agudos, falados com as consoantes s, t, k, p e f;
  • necessidade de aumentar o volume da televisão ou do rádio constantemente para conseguir ouvir;
  • pedido frequente de que as pessoas repitam o que lhe foi dito;
  • zumbido no ouvido.

É possível reverter o processo?

Os danos degenerativos do sistema auditivo causados pelo envelhecimento são irreversíveis, de modo que não é possível reverter o processo de presbiacusia. Isso significa que não há tratamentos que possam reverter a condição e restabelecer a condição auditiva do paciente.

Quais os tratamentos disponíveis?

O fato de não haver tratamento curativo não significa que não há o que fazer quando a presbiacusia surge. O primeiro passo consiste em ter atenção aos primeiros sinais de perda auditiva e procurar um especialista, um médico otorrinolaringologista ou um fonoaudiólogo, para investigação e avaliação mais aprofundada.

Os especialistas avaliam se há outros fatores externos que podem piorar a perda auditiva causada pelo envelhecimento, como a diabetes, hipertensão arterial ou aterosclerose. Essas condições devem ser tratadas para diminuir as consequências na audição.

Antes de fechar o diagnóstico, é necessário que outras causas de perda auditiva sejam descartadas, para garantir que o tratamento seja feito de forma adequada. As principais condições que devem ser descartadas são:

  • doença de Menière;
  • sífilis;
  • doença de Paget;
  • hipotireoidismo;
  • uso de medicamentos ototóxicos;
  • perda neurossensorial hereditária;
  • traumatismo craniano; e
  • otosclerose coclear.

Em seguida, é feita uma avaliação e testes para o uso de aparelhos auditivos. A reabilitação auditiva feita por meio dos aparelhos é uma das medidas mais efetivas e fundamentais para o restabelecimento da vida social do idoso, com melhora significativa da função auditiva. Por isso, é interessante que se recorra a ela o mais precocemente possível.

O uso de aparelho auditivo pode não proporcionar uma audição completamente normal, porém, é capaz de amplificar seletivamente a audição das frequências afetadas. É importante que esse ponto seja esclarecido junto ao idoso, para evitar decepção ou não adesão do tratamento posteriormente.

Quando possível, o aparelho deve ser usado bilateralmente, para haver melhor localização da fonte sonora, melhorar a qualidade sonora em ambientes ruidosos e evitar superestimulação cortical unilateral.

Como prevenir?

Apesar do desgaste do sistema auditivo ser um processo natural do envelhecimento, alguns hábitos podem minimizar o grau de perda auditiva na terceira idade. Desde jovem, é preciso ter condutas saudáveis em relação ao ouvido, para a manutenção da saúde auditiva. As principais recomendações são:

  • utilizar medicamentos ototóxicos apenas com prescrição médica e nas doses indicadas;
  • evitar exposição prolongada a ruídos altos (quando relacionado ao trabalho e necessário, utilizar protetores de ouvido);
  • controlar outras condições crônicas que podem afetar a audição (diabetes, hipertensão arterial, aterosclerose);
  • realizar consultas periódicas para a avaliação da saúde auditiva;
  • procurar um especialista assim que for percebido qualquer sinal de perda auditiva.

A perda de audição na terceira idade é um problema enfrentado por milhares de idosos e que traz diversas consequências ruins para a convivência e a qualidade de vida. Apesar de o dano ser irreversível, o acompanhamento precoce e o uso de aparelhos auditivos podem minimizar o problema e proporcionar uma audição muito melhor.

E aí, gostou do texto de hoje? Se você tem interesse pelo assunto, continue a visita no site e leia nosso texto sobre o papel do fonoaudiólogo no tratamento da perda de audição na terceira idade!

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