Surdos no Brasil: veja o panorama geral sobre esse público

Aparelhos Auditivos

Compreender os principais desafios e perspectivas que envolvem o panorama dos surdos no Brasil é essencial na busca de estratégias de inclusão desse público para amenizar os impactos gerados pelos diferentes tipos de surdez. Além disso, há necessidade de medidas mais eficazes de promoção e prevenção da saúde e de maior atenção às particularidades desse grupo.

Tendo isso em vista, vamos falar sobre a realidade conjuntural dos surdos no Brasil e os maiores desafios enfrentados por eles. Saiba o que precisa melhorar em relação à saúde e educação, formas de comunicação e mercado de trabalho para inserção igualitária dessas pessoas na sociedade.

Panorama dos surdos no Brasil

No Brasil, as particularidades relacionadas ao público com deficiência auditiva seguem quase o mesmo padrão dos outros países do globo. A surdez está aumentando em pessoas de todas as idades, mas poucas têm assistência à saúde ou desfrutam integralmente dos direitos estabelecidos constitucionalmente.

Mesmo que a surdez seja mais comum nos idosos, o quadro de perda auditiva também está associado ao estilo de vida, doenças preexistentes e, principalmente, diagnóstico tardio e falhas no tratamento.

Dados de 2019, publicados pela EBC/Brasil, alertam para os números que envolvem a deficiência auditiva no Brasil e no mundo segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Observe:

  • no Brasil, há mais de 10,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva;
  • entre os brasileiros, 2,3 milhões têm deficiência auditiva severa;
  • a surdez atinge 54% de homens e 46% de mulheres;
  • 57% dos surdos têm 60 anos ou mais;
  • apenas 9% dos deficientes auditivos nasceram com essa condição;
  • entre os participantes da pesquisa, 87% não utilizam aparelhos auditivos;
  • até o ano de 2050, estima-se que mais de 900 milhões de pessoas no mundo poderão desenvolver surdez.

Vale ressaltar que a deficiência auditiva apresenta graus distintos e, no Brasil, grande parte do grupo que apresenta essa condição é composto pelos chamados surdos oralizados — são indivíduos que utilizam aparelhos auditivos para amplificação dos sons ou estão habituados a se comunicarem com a ajuda da leitura labial.

Dadas as circunstâncias que envolvem a deficiência auditiva, muitos sãos os desafios que precisam ser superados pelos surdos no Brasil. Ainda que a legislação brasileira tenha incluído normas com o objetivo de atender as necessidades dessa parcela da população, há muitas lacunas a serem preenchidas.

Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)

Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)

A Língua Brasileira de Sinais é uma forma de comunicação natural, mas não é universal, pois em outros países existem mais alternativas de linguagem para deficientes auditivos. Mesmo que seja eficaz para a comunicação com surdos, poucas pessoas entendem e falam essa linguagem.

Até mesmo entre os surdos a adesão a essa linguagem não é total, já que os familiares e as pessoas do convívio nem sempre a dominam. Nesse contexto, as formas de comunicação com esses indivíduos dificultam bastante a rotina deles. Assim, áreas essenciais da vida como educação, trabalho e relacionamentos ficam prejudicadas.

Entretanto, há cursos de LIBRAS disponíveis na internet. No portal e-aulas da Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, há um curso completo e gratuito aberto à comunidade. São vários vídeos online — com legendas em português — que podem ser acessados livremente. O aprendizado de LIBRAS faz parte de disciplinas obrigatórias de alguns cursos de graduação da USP.

Após ser oficialmente reconhecida na legislação brasileira como uma das línguas oficiais do país, houve um importante avanço nos últimos anos. Foi determinado que as universidades têm que oferecer cursos de formação de professores, inclusive com a disciplina de Fonologia, para incluir o ensino de LIBRAS nas grades curriculares.

Essa mudança contribuiu para a valorização e divulgação da linguagem de sinais entre os futuros profissionais. Os estudantes passaram a conhecer um pouco melhor os desafios enfrentados pelos surdos no Brasil e suas necessidades. Com isso, houve maior conscientização da importância de trabalhar medidas de inclusão.

Desafios e perspectivas para esse público

Desafios e perspectivas para esse público

Listamos os maiores desafios enfrentados pela população de surdos no Brasil. Veja quais são!

Educação e mercado de trabalho

Devido às dificuldades estruturais, técnicas ou, até mesmo, relacionadas à falta de capacitação dos professores, o trabalho que deveria ser de inclusão dos portadores de necessidades especiais (PNEs) acaba desempenhando um papel completamente diferente. Nem todas as escolas têm profissionais habilitados para atender esse público, o que torna a educação dos surdos um dos maiores desafios do país.

No mercado de trabalho, o processo de inclusão também caminha a passos lentos. Muitas empresas ainda não têm estrutura suficiente para incluir essas pessoas em seus quadros de funcionários. Dependendo do ramo de atuação, os deficientes auditivos precisariam ser treinados para exercerem adequadamente as funções, o que dificulta a inserção deles no mercado de trabalho.

Assim, a inclusão de surdos na sociedade brasileira ainda está em um patamar muito distante do ideal. A maioria das empresas não está preparada para recebê-los e as escolas não têm infraestrutura, equipamentos nem docentes habilitados, além de outras questões que necessitam de políticas públicas mais eficazes para contribuírem para a inserção desse grupo na sociedade.

Saúde

O Decreto-lei n° 5.626 garante o direito à assistência à saúde de pessoas surdas ou com deficiência auditiva parcial nas redes de atendimento conveniadas com o Sistema Único de Saúde (SUS). Essa assistência deve ser feita por profissionais treinados e capacitados para o uso, a tradução e a interpretação de LIBRAS. Mas a realidade é bem diferente, já que os surdos nem sempre conseguem esse acolhimento personalizado.

Como a deficiência auditiva não deixa nenhum tipo de sinal físico nos recém-nascidos, há a obrigatoriedade de realizar o exame de Emissões Otoacústicas Evocadas. Desde 2010, esse é um dos procedimentos obrigatórios — e gratuitos — nas unidades do SUS.

Prioridade no atendimento amparada por lei

O Decreto 5.296 foi regulamentado em dezembro de 2004. Ele estabeleceu medidas que garantem prioridade de atendimento aos PNEs por meio de critérios voltados para a promoção da acessibilidade. Crianças, adultos e idosos surdos ou com outras necessidades especiais estão amparados por essa lei e têm preferência no atendimento em diferentes locais.

Como você pôde perceber, é necessário implementar ações mais favoráveis ao processo de inclusão dos surdos no Brasil. Grandes são os desafios que exigem intervenções por parte da sociedade e dos governantes. Também é importante buscar ajuda profissional para fazer o diagnóstico precoce da perda auditiva e iniciar o tratamento quanto antes.

Agora é com você. Aproveite a visita ao nosso site e confira as condições exigidas para o deficiente auditivo dirigir!

Deixe um Comentário